Os evangélicos não se sentem muito à vontade para falar de Maria, a mãe de Jesus,
Os evangélicos não se sentem muito à vontade para falar de Maria, a mãe
de Jesus, pelo fato de algumas pessoas devotarem a ela uma adoração
antibíblica, e elevarem-na ao nível de co-redentora ao lado de Jesus –
nosso único e suficiente Salvador.
Mas, esse sentimento – diria mesmo, esse justificado temor – não nos
impede de olhar maravilhados, com respeito e admiração, tentando
descobrir os motivos que teriam levado Deus a escolher Maria para a
missão de trazer Jesus ao mundo; e, ainda mais, de encarregá-la da
tarefa de criar e educar o menino Jesus. Observemos que Deus não delegou
a uma comissão de reputados professores ou aos mais respeitados sábios e
anciãos da época, essa tarefa. Mas, delegou-a à própria Maria, jovem,
quase uma adolescente e uma pessoa simples.
Realmente, Maria constitui-se numa incógnita para nós. Observese que a
palavra incógnita significa, em Matemática, grandeza a ser determinada. É
o que a mãe de Jesus representa para a nossa inteligência, uma
incógnita a ser resolvida a fim de determinarmos a sua “grandeza”, a
qual costuma ir além de nosso conhecimento. Palavras inefáveis foram
dirigidas a ela pelo anjo Gabriel: Salve, agraciada; o Senhor é contigo:
bendita és tu entre as mulheres (Lc 1.28). E, mais adiante: Maria, não
temas, porque achaste graça diante de Deus (v. 30). Que mulher foi essa,
digna de receber tamanha honra por parte de Deus, a ponto de ser
agraciada como mãe do Salvador? Quais seriam as qualidades inerentes à
sua personalidade? Não precisamos nem pensar duas vezes para detectar a
primeira delas: a pureza de coração; porque tal como Jesus escreveria,
mais tarde: Bem-aventurados os limpos de coração; porque eles verão a
Deus (Mt 5.8). Conseguimos entrever, nos relatos do evangelho de Lucas,
algumas de suas qualidades como a coragem, pela reação destemida que
demonstrou diante do anjo, no anúncio do nascimento de Jesus. Ainda que
tenha se assustado, Maria, sem titubear, aceita o que foi determinado
por Deus para sua vida, dando mostras de grande coragem e lucidez: Eis
aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra (v. 38).
Palavras que mostram Maria humildemente, colocando-se no lugar de serva –
a quem não compete discutir ou desobedecer a vontade divina – e
aceitando a missão que lhe fora confiada. Deparamo-nos, na seqüência da
mesma cena, com as principais características de sua personalidade, além
da coragem e da obediência a Deus: lucidez mental, humildade e outra,
importantíssima, a capacidade de agradecer. Desta última, dá exemplo em
seu cântico, ao dizer: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu
espírito se alegra em Deus meu Salvador (vv.46 e 47).
Sua atitude impecável, ao aceitar de imediato a missão que lhe fora
confiada e levantar a voz aos céus para agradecer por ela, é digna de
admiração e serve de exemplo para a vida de todo cristão. Segundo
relatos bíblicos, essa atitude não é a que tiveram alguns servos de Deus
quando foram chamados para servi-lo ou receberam algum anúncio
inusitado da parte do Senhor. O caso de Zacarias – sacerdote do Senhor –
ilustra bem isso; ele duvidou, quando o anjo avisou-o sobre o
nascimento de João Batista, porque Isabel, sua mulher, era estéril e
ambos já idosos (Lc 1.18). Jonas, por sua vez, recalcitrou contra o
mandado que lhe fora dado para levar a Palavra aos ninivitas e, somente
depois de ter passado três dias no ventre de um peixe, foi que resolveu
atender ao mandado de Deus e seguir para a cidade de Nínive, a fim de
cumprir sua missão (Jn 2.10; 3.3). Maria, ao contrário, foi rápida em
atender à voz do Senhor e em agradecer-lhe por tê-la escolhido.
Paciência Não podemos esquecer de acrescentar, à lista das grandes
qualidades de Maria, a paciência, a delicadeza e o domínio próprio. Na
infância de Jesus, Maria deu uma grande demonstração de paciência por
ocasião do desaparecimento do menino, quando afamília voltava da festa
da Páscoa, em Jerusalém. Pensando que ele voltava em companhia dos
parentes e amigos, os pais não se preocuparam com sua ausência. Como
demorassem a vê-lo, foram procurá-lo e, tendo a busca pelos arredores se
mostrado infrutífera, voltaram para Jerusalém à sua procura. Note-se
que,foram procurá-lo e, tendo a busca pelos arredores se mostrado
infrutífera, voltaram para Jerusalém à sua procura. Note-se que,
Rachel WinterJornalista
naquele tempo, o meio de transporte mais usado era o jumento; fora isso,
não restava alternativa, senão andar a pé. José e Maria, após três dias
de viagem, certamente, usando esse precário meio de transporte,
encontraram Jesus no templo, em debate com os doutores, que se admiravam
de sua inteligência. Maria, apenas perguntou-lhe: Filho, por que
fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te
procurávamos (Lc 2.47b).
Como será que outras mães reagiriam diante de uma situação como essa?
Certamente, muitas se descontrolariam e chegariam a agredir a criança
com palavras ou até mesmo fisicamente – atitudes, sem dúvida,
condenáveis. Mas, Maria possuía domínio próprio e, certamente, sabia
dialogar com Jesus (hábito saudável que os pais precisam cultivar para
bem educar os filhos). Não era soberba a ponto de clamar por vingança
diante de qualquer falta alheia, de que pudesse se ressentir o seu amor
próprio – quanto mais se cometida por uma criança.
O lugar de Maria Não restem dúvidas, porém, sobre a questão óbvia de não
podermos vê-la como co-redentora ao lado de Cristo. Ela mesma nunca
pediu que a víssemos assim e, muito menos, que fosse adorada. Por
ocasião do primeiro milagre de Jesus, quando da transformação da água em
vinho, ela pronunciou palavras de significado imperecível: Fazei tudo o
que Ele mandar (Jo 2:5). Se algumas pessoas estão levando a sério tais
palavras, ou não, é outra questão... Como mãe terrena de Jesus, o seu
modo de agir e de se comportar deve servir-nos de exemplo. Ela amava
verdadeiramente seu Filho. Como a maioria das mães, certamente, amam os
seus próprios filhos. Pode-se avaliar o amor de mãe pela maneira como
ela trata o filho. Assim, podemos avaliar o amor de Maria: ela nunca
esteve ausente nos momentos cruciais da trajetória de Jesus. Mas,
também, no cotidiano, ao que tudo indica, não o largava de vista
enquanto Ele permaneceu em seu lar. Hoje, seu comportamento pode ser
comparado ao de uma supermãe – no bom sentido da palavra (Aquela que
está sempre ligada aos interesses e necessidades dos filhos, pronta a
ajudá-los). Não aquela mãe que sufoca o filho com incessantes
recomendações, não dando tempo para que ele assimile os seus
ensinamentos e despejando sobre ele uma enxurrada de conselhos em
borbotões de palavras. Ou aquela mãe irada, que se mantém na defensiva
pronta para agredir o filho diante da menor falta que cometa. Maria era
equilibrada, tanto que são poucas as suas palavras registradas na
Bíblia. Mas, certamente não incorria num outro erro comum de algumas
mães, o da omissão. Permaneceu firme ao lado do filho até que Ele deu
início ao seu ministério terreno – por ocasião das bodas de Caná da
Galiléia (João 2.1-11), quando realizou seu primeiro milagre ao
transformar água em vinho. O episódio dá exemplo de como Maria vivia
atenta – “ligada”, como se diz na gíria – aos interesses da vida de
Jesus. Na ocasião, ao constatar que o vinho servido na festa acabara,
Maria comunica o fato a Jesus e Ele lhe responde de modo significativo:
Mulher que tenho eu contigo?. Seria o mesmo que dizer: “aqui, nossos
caminhos se separam”. Jesus Cristo chegara à maioridade espiritual e
passaria a caminhar como o Filho de Deus. Mesmo proibindo os discípulos
de identificá-lo desse modo, os seus milagres e curas de doenças falavam
mais alto e apontavam para a Sua filiação divina.
Junto à Cruz Novamente, Maria se encontra ao lado do filho. E a Bíblia
relata com singeleza: ...junto à cruz de Jesus estava sua mãe (João
19.25). Momento profetizado, na infância de Jesus, por Simeão, quando
afirmou que uma espada traspassaria a alma de Maria (Lc 2.35). Junto à
cruz, Maria vê o sangue do filho escorrendo e lavando a terra. Ela que
se desvelara para protegê-lo quando criança, cuidando para que não se
ferisse nem se machucasse, via-o agora, irreconhecível, com o semblante
desfigurado pelas torturas sofridas a caminho do Calvário. Jesus
agonizava na cruz. Maria agonizava na alma. Antes, porém, de expirar e
vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente,
disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe. E desde àquela hora o discípulo a recebeu em sua casa
(vv. 26 e 27). Jesus não a deixou desamparada e provou, com esse gesto, o
seu amor por ela. Contudo, deixou claro que a missão de Maria havia se
completado, ao afirmar: Mulher, eis aí teu filho... Os laços de
parentesco terreno passam a ser coisa do passado. Cristo teria,
finalmente, a sua verdadeira identidade revelada como Filho de Deus;
ainda que, durante seu ministério terreno, houvesse proibido os
discípulos de identificá-lo como tal, a realização de milagres, curas de
doenças e enfermidades e de libertação dos oprimidos clamavam bem alto,
identificando-O como o Cristo, o Filho de Deus. Mas, é a partir da cruz
e da ressurreição que tudo é, verdadeiramente, confirmado e revelado.
Quanto à Maria será para sempre conhecida como a “bemaventurada” dentre
as mulheres, a que cumpriu vitoriosamente a missão que do Alto lhe foi
confiada. Assim, possamos todas nós, como mães, cumprir a nossa missão
com sucesso e, nos momentos de dificuldade na educação dos filhos,
inspirar-nos na paciência, humildade e sabedoria de Maria. Amém.
fonte=Posted 1 week ago by pr paulo
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